Entenda como os especialistas em sono podem ajudar as famílias na gestão do problema
A falta de horas bem dormidas pode provocar diversos problemas à saúde, não apenas na vida dos adolescentes, mas também em bebês, crianças, adultos e idosos. Porém, hoje, vamos falar um pouco sobre essa questão que vem afetando bastante a vida dos adolescentes. Recentes pesquisas, apresentadas no Congresso Brasileiro do Sono, ocorrido no final do ano passado, confirmaram a influência negativa da privação do sono na vida dos jovens.
O sono desempenha um papel importante no desenvolvimento físico e emocional dos jovens que estão em um período de intenso aprendizado. Paralelamente a esses processos, os tempos modernos colaboram para que várias interferências ocorram na rotina deles, tornando as noites de sono sem qualidade e dificultando a principal função do sono nessa fase: a reparação de que o cérebro necessita para coordenar o funcionamento de todas as estruturas neurais, como por exemplo para alcance de metas e tais estruturas amadurecem entre o final da adolescência e o início da fase adulta.
São vários os fatores que influenciam o sono dos jovens, sem contar as pressões sociais que aumentam suas atividades, somadas ao uso excessivo de computador e celular, novos relacionamentos afetivos, ingresso à faculdade, frequência a festas, etc. Tudo isso faz com que o jovem durma cada vez menos, como consequência, vem a sonolência e falta de rendimento durante as atividades do dia.
Segundo Cíntia Matieli, Consultora Internacional do Sono Materno Infantil (CISI), participante do congresso, é importante ter um ritmo biológico adequado e, dessa forma, manter um cronograma de horas para dormir, estudar, trabalhar, realizar atividades de lazer e fazer as refeições sempre em horário regulares.
“As atividades sociais e os hábitos na sociedade atual em geral têm migrado para horários cada vez mais noturnos, enquanto as aulas começam cedo, levando a importante diminuição das horas de sono e persistente débito de sono no decorrer da semana”, diz.
De acordo com sua natureza e organização social, os seres humanos são ativos durante o dia, e suas funções físicas estão, principalmente, orientadas para atividades diurnas e relacionadas com o ritmo biológico. Portanto, alcançar o equilíbrio entre a qualidade do sono e as horas em que estamos acordados são fatores primordiais para nosso bem-estar e saúde.
No caso dos adolescentes, a questão é tão relevante que podem ocorrer problemas de depressão, ansiedade, baixa autoestima, raciocínio lento, perda de memória, mau rendimento escolar devido a falta da manutenção da capacidade cognitiva pelas horas de sono de qualidade ruim e mesmo a privação deste.
Pesquisas comprovam que jovens estão dormindo cada vez menos
Dormir tarde e levantar-se cedo, foram comprovados em estudos científicos que podem apresentar padrões de sono irregular, períodos de sono insuficiente e sonolência durante o dia. Adolescentes são bastante vulneráveis a distúrbios do sono, principalmente insônia.
Estima-se que entre 14% e 33% dos jovens se queixam de problemas de sono, enquanto 10% a 40% dos estudantes do ensino médio apresentam moderada ou transitória privação ou insuficiência de sono, além de dificuldades no desempenho escolar e no comportamento e distúrbios do humor durante o horário diurno.
Enquanto crianças são seres predominantemente matutinos, pois dormem e acordam mais cedo, os adolescentes vão se tornando mais atrasados durante a puberdade, atingindo o máximo da vespertinidade próximo dos 20 anos de idade, sendo que as moças atingem esse pico antes dos rapazes, o que também pode ser considerado um marcador do final da adolescência.
O que as famílias com filhos adolescentes podem fazer para mudar essa situação?
O jovem vive em um mundo desafiador, dinâmico e estimulante, que oferece informações ininterruptamente, competindo com as orientações que o Hebiatra (especialidade voltada ao atendimento de adolescentes) pode fornecer. Nesse momento, é fundamental que os pais e também os profissionais de saúde que trabalham com a Promoção de Sono de Qualidade estabeleçam uma ótima relação com seus filhos e pacientes e que prevaleça o diálogo franco e responsável.
Trabalhar com o adolescente de modo que ele entenda conceitos como ‘horas de sono perdidas não são recuperadas’ e que os períodos de sono posteriormente programados não irão compensar uma noite mal dormida. Além disso, considerar que práticas adequadas de atividades físicas regulares por tempo superior a 60 minutos, redução do tempo de ociosidade em frente ao computador e à televisão e uma rotina mínima no período noturno podem contribuir bastante para que o período de sono seja satisfatório.
“Estimule o jovem ao contato com a natureza e exposição à luz solar, fatores estes importantíssimos, pois são reguladores naturais dos relógios mestres que regem nossos ciclos biológicos naturais”, explica Matieli.